10/08/2007

Culpa versus querer



Depois das palavras dita, ele olhou-me e abraçou-me... o meu corpo pequeno foi envolvido pelo seu..
Naquele momento tudo esqueci e correspondi aquele abraço, que se transformou em beijo, em carinho, em fogo prestes a explodir... o céu meio cinzento de uma tarde de inverno, deu na nostalgia... todo o romantismo.

Ele - olha-me com carinho e diz-me Psique nunca te esqueci...
Naquele momento tudo se abate sobre mim, a minha família, a minha amiga.
Eu não tinha só traído o marido, como a minha melhor amiga e pior disto tudo era a culpa que sentia por não me sentir arrependida.

Saímos da praia em direcção ao parque de estacionamento de mãos dadas, em silencio...

Um silêncio que doía, um silencio que comportava tantas decisões.

Entramos no carro sem dizer palavra.
Deixou-me a porta do escritório e disse-me, pensa no que queres.

Liguei para casa, para saber dos miúdos e informei que esta noite eu e o marido não jantaríamos, mas que os iria ajudar a fazer os trabalhos antes do jantar.

Pedi os recados, enviei a revista para a impressão e sai.

Cheguei a casa, tomei um banho, brinquei com os miúdos, fizemos os deveres e dei-lhes de jantar.
Vesti o vestido para a festa, mais uma da empresa do marido, tinha de ir fazer de mulher do patrão.
O marido chegou, tomou um banho, deitou os miúdos, vestiu-se e saímos.

No carro o silêncio pesava ainda mais do que nos outros dias, o diálogo era algo que só tínhamos quando estamos com os miúdos ou com os outros, nada era forçado, mas a dois tínhamos deixado de dialogar.

Sabes a Gilda mandou-te um beijo, sentiu a tua falta ontem.
Eu sei ela ligou-me, diz-me de forma a terminar a conversa.

Chegamos, e vejo a Gilda com ele de braço dado.

Sinto um aperto quero fugir, faço as apresentações, eles ficam a conversar e a Gilda chama-me a parte e lamenta-se que ele hoje esta distante.

Tenho vontade de lhe contar tudo, de lhe dizer que ele é o meu ele de Paris, o homem com quem pensei em viver e abandonar tudo mesmo com o casamento marcado, mas a coragem falta-me e digo-lhe que talvez seja cansaço, duas festas seguidas só ela é que aguenta.

Olho para os 2 e o meu coração fica pequenino, o homem que amei, e o homem que nunca deixei de amar.

A culpa de querer estar com ele dói....

08/08/2007

o telefonema

O telemóvel toca, não conheço o número, não atendo... volta a tocar, e volta a tocar... ... Enervada atendo... Psique boa tarde...
Do outro lado ouço Muito boa tarde incomodo?
Desliga dita a minha consciência, aquela voz deixa-me embriagada... E só me sai um TU???

Sim eu... ouço do outro lado... Temos de falar? Preciso de estar contigo de falar contigo, por favor..

Não lhe consigo responder, penso na Gilda, no meu marido, nos meus filhos. E fico em silêncio... ouço a sua respiração, ouço o seu bater dos dedos na mesa, imagino o a brincar com a colher do café entre os dedos... e ouço a sua voz " Psique, peço-te"

Combinamos dentro de meia hora a porta do meu emprego...

Estas louca, grito comigo mesma mentalmente.
A hora combinada ele chega, entro no carro... arrancamos em falar... para na praia... saio e choro... ele abraça-me e diz-me porque fugiste?

Respondo ainda soluçando - Estava de casamento marcado, não fui capaz de acabar com tudo de ir contra os meus pais, de voltar atrás...
Agarra nas minhas mãos e beija as. Com as mãos dele limpa-me os olhos e beija-me a testa...peço-lhe para me deixar na praça de táxis preciso de estar sozinha...
Ele diz que sim e pergunta-me se sou feliz...
Respondo que a felicidade é tão relativa...

06/08/2007

Histórias inventadas/romances de cordel...

Festa em casa da Gilda depois de 3 meses em Paris
Psique - olá como estas?

Gilda - Psique querida, estou óptima...

Psique - já vi que sim, e cheira-me que a tua vida amorosa mudou...
Gilda - sim estou apaixonada, ele é um sonho, o meu príncipe encantado, vem conhece-lo.

Levanto-me e cedo a sua persistência... dou de caras com ele, o mesmo sorriso, o meu olhar nada mudou... continuam na mesma.
Ela apresenta-nos e antes que eu abra a boca, ela fala a é você a amiga da Gilda, ela diz maravilhas de si...
Continuo o jogo e cumprimento-o... o meu corpo estremece... Olho para a Gilda espero que ela não se tenha apercebido.

Inventa uma desculpa e sai - digo de mim para mim...
Aparece o Jorge e salva-me, diz - Psique, querida como te fica bem esse vestido
Rio-me e digo-lhe - continuas o mesmo bajulador.

Gilda apresenta-os, e eu peço ao Jorge para me convidar para dançar... Ele diz, psique teria muito prazer em dançar consigo.
Estou encurralada, o que faço, digo-lhe que sim, ou digo que não.

Gilda incentiva-o dizendo ela é uma excelente dançarina... A Banda toca When A Man Loves A Woman…

Passamos para a pista de dança… e tudo se passa na minha memoria, a forma como nos conhecemos em Paris há mais de dez anos, as conversas nas margens do Sena, o primeiro beijo...nisto ele inclina-se e diz – me o mundo é pequeno demais quando um homem ama uma mulher.

Não respondo, os meus olhos enchem-se de lágrimas, lembro-me da nossa despedida, de nunca mais lhe ter dito nada... Ele pergunta-me onde estive estes dez anos, eu respondo-lhe casei-me, tive filhos e estou aqui.

O teu marido esta cá?
Respondo-lhe não, vou – me embora.

Agradeço a Gilda o convite e digo-lhe que tenho de ir pois amanha tenho pediatra com os miúdos... ela responde com aquele ar de menina mimada – ok, diz-lhes que a tia passa lá amanha. E da um beijo ao chato do teu marido...

Despeço-me do Jorge e dele... O meu coração bate descontroladamente.
Porque que ele apareceu agora e logo como o namorado da minha melhor amiga...

Entro em casa, dispo o vestido e deito-me em cima da cama... vazia.

03/08/2007

Hoje



Hoje dorme comigo

faz do meu corpo o teu lençol

do meu ser o teu calor

hoje dorme comigo

cala os meus medos com o teu som

hoje dorme comigo

faz de mim o que a primavera faz as flores